Obs: P.O.V = ponto de vista do personagem que está narrando

[Todos os personagens pertencem ao Masami Kurumada e a Shiori Teshirogi!]


24

Confronto

Sumiye P.O.V.

A mulher sangrava na minha frente, mas Tohma n?o parecia dar sinais de que pararia de lutar.

Ele sempre me pareceu um humano estranho, na verdade é estranho que eu ainda me refira a ele como um humano, talvez por ele possuir tamanha avers?o a essa palavra que acabou se tornando uma das minhas favoritas para descrevê-lo. Tohma, o humano que tinha avers?o ao que era e ao próprio nome. Ele preferia ser chamado de ?caro, mas nenhum de nós jamais atendeu o seu pedido.

Tohma n?o era como Teseu e Odisseu, muito menos era parecido comigo. Ele se parecia mais com a amazona com quem lutava agora, se é que isso podia ser chamado de luta.

- Ela n?o está se defendendo – disse Odisseu, ele analisava os movimentos da mulher com cuidado – mesmo vestindo uma armadura de prata.

- Vocês n?o entenderam ainda? – eu disse.

Tohma arrancou a máscara da mulher, deixando ainda mais visível a semelhan?a entre eles.

- Isso n?o tem nada haver com o domínio do Santuário, é pessoal.

Cansei de assistir aqueles golpes sem sentido, se Tohma quisesse matá-la ele já teria feito no momento que ela cruzou a fronteira para o novo templo de ?rtemis, por isso invoquei uma flecha e a atirei no meio dos dois.

Fui rápida o suficiente para que Odisseu n?o me impedisse ou para que Tohma percebesse, quando a flecha aterrissou a centímetros da perna da amazona, ele olhou diretamente para mim.

O que seria aquilo em seu rosto? Fúria? Que direito ele tinha de ficar com raiva de mim se estava há horas envolto em uma luta sem sentido?

- Já chega – disse Teseu, ansioso como sempre – vou matá-la agora.

- Espere! – Odisseu o segurou pelo ombro, ele n?o parecia preocupado com a luta idiota de Tohma, havia algo maior o incomodando.

- Tem alguma coisa vindo – levantei depressa, segurando o arco com ainda mais for?a.

- Vá para a entrada dos domínios da deusa – disse Odisseu – tente atrasar os cavaleiros.

Teseu assentiu, partindo no mesmo instante.

Tohma percebeu nossa agita??o, ele abandonou a mulher e seguiu Teseu pelo céu.

- O que faremos com ela? – perguntei.

Odisseu avaliou novamente a situa??o.

- Conseguimos lidar com uma simples amazona depois, mas agora devemos nos concentrar nos Cavaleiros de Ouro.

Assenti em silêncio. Ele estava certo, se a mulher n?o atrapalhasse poderia ficar ali mesmo, mas havia algo muito maior me incomodando agora.

- Se aquele homem aparecer aqui, deixe-o comigo – disse Odisseu.

- O que?

- Se o seu Cavaleiro de Ouro aparecer – Odisseu refor?ou – deixe-me enfrentá-lo, sabe o que acontecerá com você se negar a defender a deusa.

- Quem lhe contou sobre ele? – perguntei.

- N?o precisa me contar nada – Odisseu sorriu – eu te segui.

Aquela informa??o em encheu de ódio, quer dizer que ele sabia esse tempo todo?

- Quem você acha que te acobertou todo esse tempo? – ele continuou.

- N?o preciso da sua ajuda! – respondi – Se Kardia aparecer aqui eu mesma irei...

- O que? Escondê-lo de novo?

"Droga", pensei. Ele sabia mais do que eu gostaria.

- Isso n?o vai funcionar de novo – ele se aproximou de mim, me fazendo recuar – pois da próxima vez eu mesmo acabarei com a vida dele, entendeu?

Odisseu disse as últimas palavras com um sorriso, depois me beijou sorrateiramente como um predador, puxando meu lábio inferior antes que eu o empurrasse.

- Se fizer isso de novo...!

- Talvez n?o tivesse outra oportunidade – ele sorria mesmo tendo uma flecha apontada contra o peito – você defende a retaguarda.

- Espero que arranquem a sua cabe?a! – eu disse a Odisseu antes dele desaparecer no céu.

Nunca havíamos enfrentado os Cavaleiros de Athena antes e aquelas poderiam ser as últimas palavras que ele ouviria de mim.

Odisseu me lan?ou um olhar triste antes de ir. Pensando melhor agora, aquele olhar n?o era t?o diferente daqueles de quando eu o pegava me observando enquanto pensava em Miro. O cavaleiro morto que sequer pensou em me contatar quando voltou brevemente a vida.

Por que eu insistia em me enganar?

N?o havia futuro junto deles.


Albafica P.O.V.

Nunca pensei em Kardia como um estrategista, mas ele estava se saindo bem até agora. Ao menos foi inteligente o suficiente para me mandar para longe de Dafne e Apolo, n?o que eu estivesse pensando em trair meus companheiros, apenas temia que eles tentassem me ludibriar outra vez, e que quanto mais perto eu estivesse de Apolo, mais difícil seria de resistir.

Hasgard voltou o mais rápido que conseguiu, havia enfaixado os ferimentos do bra?o e aparentemente estava pronto para lutar, mas quando Sísifo pressionou seu antebra?o ele gemeu de dor.

- Estou bem – disse Hasgard – já sofri ferimentos piores.

- Ficaremos bem – eu disse – já morremos uma vez, o que pode ser pior do que isso?

Os outros dois ficaram em silêncio, talvez eu devesse me abster em dar discursos antes de batalhas importantes.

Estávamos saindo da Casa de ?ries quando o espa?o a nossa frente se distorceu e Dégel foi jogado para fora.

- Um presente de Defteros, eu imagino – disse Sísifo.

N?o esperávamos contar com Dégel nessa batalha, ele havia saído sozinho, com um objetivo diferente do grupo, por um momento imaginei que tivesse escolhido Apolo por causa da pítia.

- Aquele desgra?ado... – Dégel sussurrou quando ajudei a levantá-lo – Para onde estamos indo?

- Enfrentar ?rtemis e seus Celestiais – disse Hasgard com um sorriso, ele estava sempre animado – vamos, n?o podemos perder nem mais um minuto!

Ele seguiu na frente enquanto Sísifo tentava manter o mesmo ritmo. O ferimento em seu peito n?o havia fechado, mas ele parecia em paz com sua decis?o. Estava indo para a batalha sabendo que iria morrer.

- Você está ferido, n?o está? – eu disse a Dégel assim que tive a chance – eu podia n?o falar muito, mas éramos vizinhos, Dégel, por isso sei quando está aflito.

- Isso n?o importa – ele respondeu, mas sem esconder o alívio por eu ter me manifestado reservadamente – mas de qualquer forma...

Dégel me deu um soco no peito, daqueles que as pessoas faziam de brincadeira, do tipo que eu nunca recebi por ser um risco para os outros por conta do veneno em meu corpo.

Veneno retirado por Apolo e que eu desconfiava que tinha sido usado por Dafne para matar Aspros.

- ? melhor sobreviver dessa vez, Albafica.

Ele partiu com um sorriso, mas quando olhei para a placa do peito da minha armadura, percebi que ela estava manchada de sangue.

Ent?o eu seria o único do grupo sem ferimentos graves.

Comecei a questionar o raciocínio de Kardia, mas com uma ideia fixa em mente.

Dessa vez eu sobreviveria ao confronto.


Sumiye P.O.V.

A última flecha de Sísifo me atingiu na perna, mas apesar da dor eu ainda conseguia voar. N?o acho que ele atirou para matar, talvez por respeito a Kardia ou apenas por ter me visto no vilarejo algumas vezes. De qualquer forma, seu último gesto foi fatal, ele dissolveu no ar, pois n?o estava mais protegido pelo poder de Apolo.

Ao contrário do cavaleiro de que a pítia conseguiu fazer mudar de lado, nenhum deles sobreviveria à vontade dos deuses.

Só esperava que Kardia tivesse sentido aquilo que desejava antes de partir. A vida eterna nunca foi para ele.

Procurei Odisseu pelas crateras ao redor do templo, mas o encontrei mais distante do que imaginava. Ele devia ter sido atingido por um golpe do Touro, pois seu bra?o direito havia sido esmagado.

- O que está fazendo aqui? – ele perguntou.

- Achei que talvez fosse bom conversar com você a beira da morte – respondi.

Por sorte os Cavaleiros de Ouro haviam voltado para as Doze Casas. Havíamos sentido a mesma coisa, mas no meu caso eu deveria sair daqui o mais depressa possível antes que eles retornassem.

Ficar de pé era difícil, ent?o apoiei o joelho direito no ch?o e deixei a perna esquerda esticada. Eu teria que parar o sangramento logo.

- Fico feliz que ainda esteja com a cabe?a presa ao pesco?o – afastei o cabelo de seus olhos.

A glória que ele vestia havia sido quebrada, mas ao menos sua vida ainda estava intacta. Teseu estava morto, foi pego pelas rosas venenosas do Cavaleiro de Peixes. Tohma também estava gravemente ferido, apesar de eu n?o saber ao certo contra quem ele lutou, mas quando sobrevoei a área percebi que a amazona estava com ele.

"Eles devem ser família", pensei. "Que privilégio encontrar alguém".

Por isso eu vim até aqui, porque Odisseu era minha família. A única que restava.

- Vamos – tentei movê-lo, mas Odisseu me afastou.

- O que está pensando? E a senhora ?rtemis?

- ?rtemis está bem, provavelmente ela e o senhor Apolo ter?o um encontro antes de partirem.

- Partirem? – Odisseu virou o rosto para cuspir sangue. Ele estava muito fraco, se o deixasse ali acabaria morrendo em minutos, mas talvez, no céu, ele tivesse uma chance.

Sem querer avistei do outro lado do campo de batalha uma armadura dourada. Eu reconhecia aquele rosto. O cavaleiro ainda estava vivo, mas por pouco tempo.

- Vamos embora, agora – eu disse.

Coloquei seu bra?o aparentemente saudável ao redor dos meus ombros, um último esfor?o antes de saltar para o céu violeta. O belo fen?meno criado por ?rtemis e Apolo.

- O que é isso? – Odisseu perguntou.

Por um momento achei que ele estivesse delirando, mas ent?o me dei conta de que ele também sentia aquela presen?a.

- ? por isso que estamos indo embora – eu disse – Athena está aqui.

Continua...


N/A: Eu planejava fazer a primeira batalha nesse capítulo, mas no da semana que vem prometo que terá uma batalha tripla, ent?o, pra n?o ficar muito repetitivo, resolvi cortar algumas coisas aqui, até porque os Celestiais de ?rtemis nem representam uma grande amea?a assim no filme Prólogo do Céu, já que até os Cavaleiros de Bronze conseguem derrotá-los sozinhos, imagine os de Ouro de TLC (sim, tenho meus favoritos haha). Essa foi a última vez que vimos a Sumiye, confesso que enquanto estou planejando a continua??o veio a minha cabe?a escrever alguma coisa sobre ela e o Miro, acho que seria divertido, mas ainda n?o sei ao certo. A fanfic termina sábado que vem, ainda n?o acredito que chegou t?o longe, obrigada a todos!