N/A: The Lost Canvas passou a ser minha saga favorita de CDZ, e olha que assisto esse anime desde crian?a. Essa história está comigo há muito tempo, desde que li os volumes TLC Gaiden, ent?o, se tiver uma boa resposta, talvez finalmente consiga concluí-la.

Obs: P.O.V = ponto de vista do personagem que está narrando

[Todos os personagens pertencem ao Masami Kurumada e a Shiori Teshirogi!]


1

O Despertar

Defteros P.O.V.

Estava numa floresta densa, correndo para chegar a clareira. Tinha o pressentimento que algo horrível aconteceria, era por isso que corria, para impedir, para impedi-lo.

"Defteros!", eu a ouvi, ela estava me chamando, mas eu ainda estava longe, n?o chegaria a tempo.

"Defteros!", sua voz enfraqueceu, mas eu podia vê-la agora, um homem segurava o seu pesco?o, fazendo com que ela n?o conseguisse respirar.

Ele tinha o meu rosto, e sorria ao vê-la se debater. Tentei me aproximar deles, mas uma fileira de animais apareceu, formando uma barreira. Lobos, raposas, todos queriam me impedir, tentei lutar contra eles, mas os animais me derrubaram, senti suas mandíbulas nos meus bra?os e pernas, eu n?o conseguia me mexer.

O homem olhou diretamente para mim antes de rasgar o pesco?o dela.

"N?o!", eu gritei, mas agora era tarde demais. Ela caiu aos pés dele e a luz da clareira se dissipou junto com a sua vida.

Levantei assustado da cadeira, minha respira??o estava acelerada e só me acalmei ao ter certeza de que estava acordado. "Foi apenas outro sonho", pensei, era por conta desses malditos sonhos que preferia ficar acordado. Meu corpo só parou de tremer quando olhei para a cama ao meu lado, a garota ainda estava lá, ainda estava viva, e enquanto estivesse com ela ninguém poderia feri-la de novo, ela ficaria a salvo dessa vez.

Nós, os Cavaleiros de Ouro, estávamos de volta, mas n?o sabíamos como, por que ou quem foi o responsável por isso. Simplesmente despertamos em Rodorio, o vilarejo próximo ao Santuário, e estávamos aqui já há algum tempo.

Sentei-me na cama dessa vez, do lado da garota e olhei para o seu rosto, parecia tranqüilo. Havia um meio sorriso em seus lábios, como se estivesse tendo sonhos alegres. Passei os dedos pelos fios de seu cabelo, ele estava mais velha do que me lembrava, na verdade ela inteira estava mudada, n?o era mais uma crian?a.

Por mais que eu estivesse feliz em vê-la de novo, em tê-la ao meu lado, n?o conseguia parar de me perguntar no motivo dela estar aqui já que n?o tinha rela??o alguma com Athena, apenas comigo e Aspros, sim, ela estava relacionada a ele também.

As batidas na porta do quarto me fizeram sair rapidamente de seu lado na cama e voltar para a cadeira perto da janela.

- Defteros? – era a voz de Shion.

- Estou aqui – respondi – a vota??o já terminou?

Shion abriu a porta, mas n?o se aproximou muito. O sinais em seu rosto indicavam preocupa??o.

- Na verdade ainda n?o come?amos, você ainda está aqui e eu disse que precisaríamos de todos os cavaleiros disponíveis.

- Ah, sim, eu me esqueci.

Ele olhou para a garota adormecida e encostou a porta atrás de si.

- Sabe que podemos levá-la para o Santuário, n?o precisa votar contra apenas para ficar perto dela.

- Já deixei claro que n?o a quero lá. Vocês podem ir na frente, ficarei aqui até que ela acorde.

- Se ela voltou conosco é porque também terá um papel nisso tudo – Shion insistiu – além do mais, o Santuário e as pítias sempre trabalharam juntos.

- N?o importa, eu sei o que é melhor para ela.

Ele suspirou, n?o era a primeira vez que tínhamos essa conversa.

- Ela deve ser muito especial para você – disse Shion – n?o deixa ninguém se aproximar do quarto e até o mantém trancado...

Encarei o Mestre do Santuário, Shion recuou.

- Você tem algum problema com isso?

- Claro que n?o! – ele sorriu, balan?ando as m?os – Na verdade gosto desse seu lado, é a primeira vez que o vejo t?o vulnerável desde que nos encontramos antes de nos tornarmos cavaleiros.

- Crian?as s?o idiotas Shion, e tem sentimentos idiotas que se tornam inúteis na idade adulta – cruzei os bra?os, n?o queria ter que falar mais sobre isso – sobre a vota??o, se quer tanto voltar para o Santuário deve se impor, você é o Grande Mestre n?o é? Pelo menos foi isso que nos disse quando acordamos nessa época estranha, ent?o fa?a com que eles obede?am.

Minhas palavras fizeram Shion franzir o cenho. Quando acordei há algumas semanas meu corpo estava fraco e Shion foi o responsável pela minha recupera??o, ele passou a comandar a todos como um verdadeiro líder, mas à medida que nos recuperamos alguns passaram a tomar suas próprias decis?es, mas n?o podia culpá-los, Shion era apenas um garoto e a maioria de nós adultos, mesmo assim, se a história que ele contou fosse verdade ele tinha mais experiência em batalha do que qualquer um de nós.

- Enfim – Shion suspirou - come?aremos a vota??o sem você, a senhora ?gatha fez a gentileza de nos ceder o sal?o por hoje, nos encontrará lá.

Tentei controlar o riso. A senhora ?gatha era a dona desta hospedaria, o único lugar no vilarejo com quartos suficientes para todos nós e ela nos abrigou sem cobrar nada, pois n?o se importava de ter um jovem como Shion por perto.

O suposto Grande Mestre se retirou e fechou a porta. Voltei para perto da cama e coloquei minha m?o sobre a dela. Shion estava certo sobre algo, ninguém se oporia a mim se eu decidisse levá-la para o Santuário, mas a proximidade com os cavaleiros de Athena apenas trouxe dor para ela, algo que mesmo seus dons n?o puderam prever, e eu n?o podia quebrar minha promessa novamente, deveria mantê-la aqui, longe do Santuário definitivamente.

Tranquei o quarto ao sair e por um momento coloquei minha m?o sobre a porta de madeira, como se meu corpo estivesse preso àquele c?modo. Respirei fundo e me afastei antes que a súbita vontade de comparecer aquela vota??o desaparecesse. N?o precisei perguntar a ninguém onde era a sala correta, já que nunca tinha ido até o sal?o, as vozes dos outros cavaleiros ecoavam t?o alto no corredor que poderiam ser ouvidas por todo o vilarejo.

Abri a porta devagar, esperando que n?o me notassem, e foi o que aconteceu, todos estavam t?o entretidos na discuss?o que eu poderia ficar ali por tempo suficiente sem ser incomodado. Percebi que Shion estava sendo novamente engolido pelas opini?es dos outros, o líder que vimos nas primeiras semanas estava de bra?os cruzados entre uma calorosa discuss?o que parecia acontecer entre o Cavaleiro de Escorpi?o e o de Libra. Um homem mais velho e forte, que deveria ser o Cavaleiro de Touro, estava cochilando no canto da sala.

- Que bom que está aqui. – disse Dégel, n?o havia percebido sua aproxima??o.

- Shion me convenceu a vir, mas n?o esperava que vocês estivessem t?o mal.

- "Nós", n?o "vocês", também faz parte do time Defteros, n?o precisa se assustar com o que está vendo, Kardia só está perguntando se pode voltar para sua antiga casa.

- ? assim que ele faz uma pergunta? – eu disse, o homem que deveria ser Kardia fazia gestos estranhos e acredito que até ofensivos com as m?os.

Dégel sorriu, ele e Shion eram os únicos com quem eu mantinha contato diariamente, apesar de Sísifo tentar se comunicar, n?o que os outros me rejeitassem, na verdade acho que eu me mantinha isolado sem perceber.

De repente a express?o de Dégel mudou.

- Você ouviu isso? – disse ele – Está vindo do andar de cima.

Demorei um pouco a perceber por causa dos gritos da discuss?o, mas ent?o finalmente ouvi a voz de uma garota. Dégel perguntou se precisaria de sua ajuda, mas eu neguei, n?o precisava da ajuda de ninguém para me reencontrar com alguém que n?o via há muito tempo. Minhas pernas come?aram a correr sem que eu percebesse, mas congelaram assim que cheguei na frente da porta de seu quarto.

Qual seria a sua rea??o ao me ver?

Ao destrancar a porta e finalmente entrar no quarto a garota correu para a parede oposta.

- Você! – disse ela. Seus olhos se arregalaram de pavor. - Por que estou aqui?

- Eu lhe explicarei tudo, apenas...

- Fique longe de mim! – ela gritou.

A peguei antes que corresse em dire??o a porta em p?nico, ela n?o estava me reconhecendo? Meus bra?os a envolveram num abra?o apertado como n?o tínhamos há anos, mas ela só parou de se debater quando me ouviu dizer seu nome:

- Dafne.

Minha voz soou emotiva demais, mas ela pareceu recordar, finalmente.

- Eu n?o sou Aspros... N?o, n?o me reconhece?

Ela soltou um suspiro de surpresa, e logo seus olhos n?o suportaram mais o peso das lágrimas que se formaram.

- Defteros?

Eu assenti em resposta, ouvir meu nome ser pronunciado pelos seus lábios me fez muito feliz um dia, pois para ela eu n?o era apenas a sombra de outra pessoa. Dafne segurou o meu rosto.

- Você cresceu. Está diferente.

- Você também está diferente! – eu sorri, mas logo também comecei a chorar, Dafne n?o fazia idéia do quanto tinha a dizer e do quanto esperei por ela. Seus bra?os logo envolveram o meu pesco?o e sua cabe?a repousou em meu peito, ela ainda usava o vestido cerimonial de antigamente, o tecido era t?o leve que parecia que estava tocando sua pele nua.

- Onde estamos?

Dafne me soltou ao perceber o qu?o perto estávamos um do outro, eu também a larguei, a última vez que a abracei daquela maneira ela deveria ter doze anos, e nem de longe foi t?o íntimo quanto esse.

- Estamos em Rodorio, perto do Santuário de Athena.

- Mas isso é impossível – disse Dafne – nós estávamos, tenho certeza de que eu estava...

Seu corpo perdeu o equilíbrio e ela teria desabado se eu n?o a tivesse pego, ajudei-a a se sentar na cama novamente, ela n?o comia há semanas, devia estar muito fraca.

- Você estava morta – eu me ajoelhei de frente para ela - eu sei, todos nós estávamos, mas parece que temos mais uma miss?o a cumprir.

Continua...